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22 maio, 2011

Repartindo o Queijo - Professores em Rede

Não sei por que quando pensei prosseguir falando sobre Educação Básica, me veio à mente a historia de minha mãe e o queijo. Principalmente depois que me meti há estudar um pouco a Sociologia da Infância e outros posicionamentos mais.
Tudo ainda porque estou engasgada com o tempo necessário para que a gente entenda um pouco de como lidar e aplicar conceitos.
Mas voltemos ao queijo.
Minha mãe costumava dizer que não sabia escrever um ó com o copo. Ainda bem que sabedoria não exige isso.
Mais uma qualidade dela que não herdei: simplicidade.
Eu sou das que complica muito tudo.
Naquela época, já em Belo Horizonte, comer queijo, ganhar queijo, era para privilegiados. Estou falando de minha família.
Pois é, quando acontecia, ela passava um café (de endoidar), colocava as quatro canecas na mesa, e começava o ritual.
Silencio expectativa, curiosidade.
Ela mostrava, no sentido de “respeitável publico”, o branco raro.
Eu não me lembro de nenhum momento em que nós outros não fossemos servidos primeiro. Por ordem de idade seria: meu pai, minha irmã, eu, e depois de nós todos saciados, ela.
Só que para comer queijo, seu amor não chegava a tanto.
Ela já vinha também com a faca na mão, cortava uma lasca grossa, pegava a canequinha e desligava-se em prazer.
Meu pai ficava olhando com cara de bobo, não falava nada, partia os três pedaços restantes e ficava tudo por isso mesmo.
Tempos mais tardes, quando fui à casa de um namorado, com uma mesa posta, agora era de “lanche”, estava lá, entre outras varias coisas, o queijo.
Como fui a primeira, por ordem da anfitriã, não deu tempo de imitar ninguém.
Cortei um pedaço avantajado como minha mãe fazia tranquilamente.
De repente, olhando em volta, percebi a diferença dos cortes e todos os olhares em mim.
Os pedaços do dito eram finos, quase transparentes e tinham uma faca especial.
Levei um choque de vergonha, mas estava feito.
Meus filhos cortam o queijo fininho.
Eu persisto na dificuldade em lidar com isto.
Não sei como Freud vai explicar esta analogia.
Estudando temas da Sociologia da Infância, descobri como é importante o tempo do amadurecimento.
Este é relacionado fortemente a Antropologia, a Psicologia, as diferenças culturais, a posicionamentos de valores, ao exercício do poder, a construção da identidade e outras perspectivas.
Cheguei a algumas conclusões que pretendo compartilhar com vocês.
Espero que dentro do assunto: operacionalização de conceitos, educação básica, tempo de infância. Limites. Talvez consiga.











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