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26 junho, 2011

É historia? - Professores em Rede

Este material, Guia Politicamente incorreto da Historia do Brasil, de Leandro Narlock, foi publicado em parte num pdf.
Como nao sei postar aqui desta forma, passei para o word porque achei bem interessante chamar a atençao.


A segunda edição
a primeira edição deste livro já chegava às livrarias, mas ideias sobre ele não paravam de bater à porta.
Novas histórias e novos capítulos insistiam para ganhar um teto.
Verdades desagradáveis de ícones politicamente corretos estavam devidamente reveladas; mas faltava dar mais atenção a outra tarefa – tirar a lama dos personagens que a história combatente execrou.
Esta segunda edição tem essa missão principal.
Para realizá-la há dois grandes textos: sobre as vantagens de a monarquia ter demorado tanto (página 271)e sobre as acusações exageradas que os bandeirantes sofreram(página 65)
Também houve correções e acréscimos que se revelaram necessários depois de uma leitura mais distante e da sugestão de críticos e colegas.
Os pequenos textos acrescidos são histórias, exemplos e números a dar ressalvas ou fundamentar as polêmicas armações do livro.
Isso acontece principalmente nos capítulos “Índios”, “Negros” e “Guerra do Paraguai”.
Essas inserções vieram também de leitores animados com a ideia do livro, como o quadro sobre a desigualdade social, na página 332, os crimes de Euclides da Cunha (página 129) e, na 232, a biopirataria do café realizada pelo Brasil.
Houve ainda passagens atualizadas por causa do lançamento de obras que enriqueciam o debate – é o caso do boxe sobre Elisa Lynch, na 190.
Boa leitura.
O autor os bandeirantes não eram heróis. não?
no variado elenco da história do brasil, os bandeirantes ganharam recentemente o papel dos grandes facínoras, dos fura-olhos por excelência, dos arquicanalhas.
Os mamelucos paulistas, que exploraram o interior do país em busca de ouro, pedras preciosas e índios, não eram uma nobre raça de gigantes, dizem os professores, e sim assassinos inspirados por “motivos deploráveis”, 39 que incendiavam as aldeias onde os padres jesuítas viviam com os índios, praticavam execuções aleatórias e até mesmo jogavam o corpo de velhos, crianças e doentes para os cães.
A má fama que os bandeirantes ganharam atingiu principalmente o português Antônio Raposo Tavares, o mais temido morador de São Paulo no século 17. Líder das maiores bandeiras para o Paraná e o Paraguai entre 1627 e 1630, é considerado o responsável pela morte e o aprisionamento de mais de 100 mil guaranis, além da destruição de dezenas de aldeias jesuíticas.
Os acusados merecem um novo julgamento.
A ideia dos bandeirantes como homicidas sádicos é inspirada no relato dos jesuítas que tiveram suas missões atacadas pelos paulistas.
A área de maior tensão daquela época era a das reduções de Guairá, que se estendiam do leste do Paraguai ao Paraná.
Depois de perder índios guaranis dessa região para os sertanejos paulistas, os padres se esforçavam, nos comunicados às autoridades espanholas, para retratar os sertanejos como demônios.
Em 1627, por exemplo, o padre Antônio Ruiz de Montoya, um dos fundadores das missões de Guairá, escreveu que os portugueses “matam índios como se fossem animais, não perdoando idade nem sexo, pois matam as crianças para que não impeçam suas mães de caminhar, e matam os velhos e as velhas pelo mesmo inconveniente [...] também matam os caciques e os líderes ou os mais valentes”.40
Os padres diziam ainda que Raposo Tavares colaborava com judeus e holandeses.
Em época de ocupação holandesa no Nordeste, era como rasgar a camisa da seleção brasileira diante das câmeras, na final da Copa do Mundo.
Os relatos dos padres estão repletos de exageros e mentiras obesas.
Em mensagens internas, que eles escreviam para colegas da Europa, a história era diferente – muito mais tranquila e com inimigos bem mais mansos.[
O próprio padre Montoya contou, numa carta sobre esse mesmo episódio acima, que os paulistas “não se atreveram a chegar ao povoado antes devido à notícia de que o padre ia para onde eles estavam; e fugiram quebrando as canoas, correndo pelos montes”.
Os exageros nos comunicados oficiais serviam para aterrorizar as autoridades europeias, na esperança de lançá-las contra os paulistas.
“Entre duas dês como portugal e a Espanha formavam um único reino entre 1580 e 1640, sensibilizar os chefes espanhóis era um bom jeito de resolver as coisas no lado português.índios 67crições opostas, aquela que mostrava os portugueses como covardes ou para deleite apenas dos padres, enquanto a versão da selvageria, como se fosse notícia, saiu da pena do provincial e chegou aos olhos do rei”, arma Jorge Caldeira no livro Mulheres no Caminho da Prata.
O escritor Jaime Cortesão, já na década de 1950, recomenda cautela na hora de ler os relatos dos jesuítas.
No livro Raposo Tavares e a Formação Territorial Brasileira, Cortesão diz:
O bandeirante utilizou a espada e o bacamarte.
O jesuíta espanhol, se não desdenhou o bacamarte, serviu-se mais da intriga e da pena.
E abriu feridas mais profundas; daquelas que levam séculos a fechar, à luz fria da verdade, tão dificilmente visível aos nossos olhos mortais. 41
Também é preciso descontar do número estratosférico de mortes atribuídas aos bandeirantes.
Fala-se que as entradas ao sertão lideradas por Raposo Tavares deixaram de “100 a 150 mil mortos e feridos”, 42 aprisionaram entre 40 e 60 mil índios em três anos, 43 ou ainda que 15 mil índios teriam sido mortos.44
O historiador Luis Felipe de Alencastro arrisca dizer que aquelas bandeiras foram “as operações escravistas mais predatórias da história moderna”.45 Com base no relato de jesuítas, o rei espanhol Felipe IV foi mais longe: responsabilizou Raposo Tavares pela perda de mais de 300 mil almas e ordenou sua prisão, depois revogada.46
A diversidade dos números sugere que não há critério científico nas estimativas.
Mesmo os jesuítas discordavam olimpicamente desses números.
Quando Raposo Tavares atacou as aldeias de Guairá, em 1628, os padres Justo Mansilla e Simão Masseta foram destacados para seguir o “São Paulo fala português há menos de três séculos.
Antes, o idioma mais falado no Brasil era a língua geral, uma mistura de dialetos indígenas.
Só com a proibição do tupi pelo marquês de Pombal, no século18, é que o português virou a língua predominante.”
Essa história frequentemente repetida não deixa de ser interessante, mas está perdendo adeptos.
Quem primeiro a defendeu foi o historiador Sérgio Buarque de Holanda, no livro Raízes do Brasil, de 1936.
De lá para cá, a autoridade desse intelectual valeu mais que evidências históricas.
Sabe-se hoje que, nos arredores de São Paulo, o português era a língua mais usada não só em documentos históricos, mas também no comércio, nas conversas do dia adia e nas cartas pessoais.
É o que sugerem testamentos e bilhetes da época.
“A língua portuguesa era falada na Vila de São Paulo desde o início de seu povoamento”, escreveu a fitóloga Marilza de Oliveira, da Universidade de São Paulo, numa recente revisão dos estudos sobre a história do português paulista. 47
Apesar da grande influência indígena nos casamentos e nas alianças políticas, o idioma que venceu aquela mistura cultural foi o português.
Aconteceu o mesmo que na Europa invadida pelos romanos.
Assim como falar latim era um sinal de distinção social entre os europeus conquistados, os índios e mestiços se esforçavam para falar português.
Índias aprendiam com seus maridos brancos, mamelucos frequentavam escolas de gramática nas aldeias – há vestígios de recibos de pagamento para aulas de português.
Mesmo Domingos Jorge Velho, bandeirante que aparece em relatos como um índio tapuia, arranhava a nossa língua.
Existe até hoje um testamento que ele escreveu, em 1654, para o amigo Diogo Coutinho de Mello, provando que ele falava e escrevia português.
o mito da lingua geral índios 69 grupo do bandeirante durante a volta para São Paulo.
A idéia era testemunhar os abusos dos paulistas contra os índios e montar uma acusação formal.
Se nos basearmos nos relatos que os dois escreveram, o tamanho da matança pode cair muito – para menos de mil, menos de cem, menos de vinte mortes.
A Relação de Agravos, que os dois padres apresentaram ao governador do Brasil em Salvador, repete histórias dos jesuítas espanhóis sobre as supostas crueldades que os bandeirantes teriam cometido.
Conforme o relatório, o total de mortes dos ataques às aldeias jesuíticas foi de 14 pessoas.,isso mesmo, apenas 14 pessoas.48
Mais um indício de que houve exagero nos números criados pelos jesuítas é o inventário de Antônio Raposo Tavares.
Em 1632, logo depois de voltar de Guairá, sua declaração de bens dá um total de 128 mil réis.
não era pouco dinheiro – na época dava pra comprar 128 ovelhas ou três, quatro sítios com casas construídas.
Mas a quantia era muito inferior à de diversos comerciantes paulistas da época.
Um tal de Antônio Azevedo Sá, por exemplo, morreu em 1681 deixando 4,1 contos de réis, trinta vezes mais que o homem conhecido por conquistar dezenas de milhares de escravos.50
A imagem da selvageria dos paulistas também ajudava a esconder o real motivo do esvaziamento das missões.
A maioria dos índios abandonou os jesuítas não tanto por causa da violência dos ataques paulistas, mas por falta de confiança nos padres e cansaço de suas normas cristãs.
A principal arma dos bandeirantes foi disseminar entre os índios guaranis a esperança de uma vida melhor perto do Atlântico
“Os moradores de São Paulo adquiriram a capacidade de provocar revoltas entre os nativos havia pouco reduzidos, fazendo-lhes ver como falsas as promessas de incolumidade e o valor dos produtos era muito diferente no século 17.
Um inventário da época avaliou uma frasqueira com nove garrafas por 2.500 réis.
Com três dessas era possível comprar um “sítio de trezentas braças de terras perto da vila” e ainda sobrava troco.
 Uma espingarda variava de 1.200 a 3.000 réis, e uma ovelha saía por 1.000 réis.49como faltava dinheiro em espécie no Brasil,era regra pagar fiado e morrer endividado.
O bandeirante Bartolomeu da Cunha Gago, ao morrer, em1685, deixou um  testamento com 40cláusulas.
Dessas, 18eram declarações de suas dívidas a parentes, amigos e vizinhos, sem contar uma dívida de cem patacas a São Francisco Santo Antônio e outros sete santos.
O bandeirante ainda usa duas cláusulas do testamento para pedir para sua mulher cuidar de seus filhos bastardos. paz apresentadas pelos padres”, escreveu Caldeira.52
Não se tratava só de perda de confiança, mas de revolta.
Segundo o relato de dois jesuítas, “em várias reduções, os índios ameaçaram a vida dos padres antes de fugir para os matos”.53
Ou seja: muitos guaranis devem ter migrado para São Paulo por iniciativa própria, atrás das promessas (ainda que falsas) dos bandeirantes paulistas.
E não apenas sob violência, amarrados ou acorrentados.
As expedições ao Guairá foram só o início das polêmicas aventuras de Raposo Tavares.
Entre 1639 e 1642, ele foi à Bahia e a Pernambuco ajudar a expulsar os holandeses que tentavam montar colônias no Brasil.
Na volta, a bandeirada qual fazia parte viu-se sem comida.
A solução foi comer pedaços de couro, raízes de bananeira e os poucos cavalos que restavam para o grupo.54
De volta a São Paulo, o bandeirante partiu para o norte do Paraguai em 1648, acompanhado de um grupo de 1.200 índios, mamelucos e brancos.
Atacados pelos jesuítas, eles desviaram o caminho, chegando à Amazônia peruana.
Navegaram pelos rios Mamoré, Madeira e Amazonas, desembarcando em Belém.
Passaram três anos atravessando florestas descalços, seminus, sujos e famintos – os bandeirantes frequentemente enganavam o estômago com formigas, gafanhotos e raízes.
Diante do ataque de índios inimigos, dormiam escondidos, enterrados na areia. Com o grupo reduzido a cerca de cem pessoas, Raposo Tavares só conseguiu voltar para casa em 1651, quando completou 10 mil quilômetros de peregrinação pela América do Sul.
“Ao voltar a São Paulo”, conta o jornalista Roberto Pompeu de Toledo, “Raposo Tavares estava tão desfigurado que não foi reconhecido pelos parentes.”55
Convenhamos: um homem como esse não soa como um herói?
em 1748, ao chegar de Portugal para governar São Paulo, o nobre Luís Antônio Botelho Mourão se espantou com a miséria e os hábitos locais. Segundo ele, os paulistas “de noite e de dia estão deitados ou balançando na rede,ou cachimbando” e comem “bichos imundos e coisas asquerosas”.56 mesmo porque, numa época em que objetos de ferro eram caros e raros, seria difícil acorrentar dezenas de milhares de índios de uma só vez e caminhar com eles cerca de 500 quilômetros até São Paulo.
índios 71notas1 Maria Regina Celestino de Almeida,
Os Índios Aldeados no Rio de Janeiro Colonial, Unicamp, 2000, páginas 139 e 140.2 Warren Dean, A Ferro e Fogo, Companhia das Letras, 1996, página 87.3 Eduardo Bueno, Náufragos, Traficantes e Degredados, 1a edição, Objetiva, 1998, página 114.4 Eduardo Bueno, página 45.5 Revista Aventuras na História, agosto de 2004, página 82.6 Jorge Couto, “A gente da terra”, Revista de Letras e Culturas Lusófonas, número 8, janeiro-março de 2000.7 Carlos Fausto, “Da inimizade”, no livro A Outra Margem do Ocidente, organização de Adauto Novais, Companhia das Letras, 1999, página 261.8 Jorge Caldeira (organizador), Brasil: A História Contada por Quem Viu, Mameluco, 2008, página 35.9 Serafim Leite, Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional,1940, páginas 244 e 245.10 Matthew Restall, Sete Mitos da Conquista Espanhola, Civilização Brasileira, 2006, página 97.11 John Manuel Monteiro, Negros da Terra, Companhia das Letras, 1994, páginas 71 e 72.12 Warren Dean, página 104.13 Warren Dean, página 105.14 Ronaldo Vainfas e Lúcia Bastos Pereira das Neves, Dicionário do Brasil Joanino, Objetiva, 2008, verbete “Guerra indígena”, páginas189 e 190.15 Maria Regina Celestino de Almeida, página 158.16 Maria Regina Celestino de Almeida, página 209.17 Marcio Marchioro, “Censos de índios na capitania de São Paulo (1798-1803)”, comunicação de pesquisa apresentada na 25a Reunião Brasileira de Antropologia, 2006.
Maria Leônia Chaves de Resende e Hal Langfur, “Minas Gerais indígena: a resistência dos índios nos sertões e nas vilas de El-Rei”, revista O Tempo, volume 12, julho de 2007, página 17, disponível em www.historia.uff.br/tempo .19 Maria Leônia Chaves de Resende e Hal Langfur, página 7.20 Leonardo Coutinho, “A aldeia urbana”, revista Veja, 7 de maio de 2008.21 M. A. Chiabai, M. D. Shriver, T. Frudakis e R. W. Pereira, “Correlação entre pigmentação de pele e ancestralidade biogeográfica oferece a possibilidade de se utilizar amostras da população brasileira no estudo da variação genética normal de fenótipos de pigmentação de pele”, Anais do 54o Congresso Brasileiro de Genética, 2008, disponível em web 2. sbg.org.br/congress/sbg2008/pdfs2008/23695.pdf   .22  Warren Dean, página 65.23 Evaristo Eduardo de Miranda, “A invenção do Brasil”, revista National Geographic, maio de 2007.24 Warren Dean, página 47.25 Evaristo Eduardo de Miranda, Natureza, Conservação e Cultura,Metalivros, 2003, página 17.26 Warren Dean, página 65.27 Evaristo Eduardo de Miranda, “Verdades da natureza brasileira”,entrevista ao jornal Universidade, do Instituto Ciência e Fé, dezembro de 2006.28 Warren Dean, página 69.29 Azpilcueta Navarro e outros, Cartas Avulsas, Edusp, 1988, página 209.30 Teresa Rodrigues, “As crises de mortalidade em Lisboa (séculos XVI a XIX): uma análise global”, Boletín de la Asociación de Demografia Histórica, Bilbao, volume 13, número 2, 1995, páginas 45 a 74, disponível em http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=104032.31Michael H. Crawford, The Origins of Native Americans: Evidence fromAnthropological Genetics, Cambridge University Press, 1998, páginas53 a 61.32 Carmen Bernand e Serge Gruzinski, História do Novo Mundo, volume 1,Edusp, 2001, página 288.índios 7333 Alfred W. Crosby, Imperialismo Ecológico, Companhia das Letras,1993, página 177.34 Serafim Leite, página 236.35 Jorge Caldeira, página 63.36 Ronaldo Vainfas, A Heresia dos Índios: Catolicismo e Rebeldia no Brasil Colonial,Companhia das Letras, 1995.37 Jorge Couto, “A gênese do Brasil”, no livro Viagem Incompleta,organização de Carlos Guilherme Mota, Senac, 1999, página 67.38 Ronaldo Vainfas, Dicionário do Brasil Colonial, Objetiva, 2000, verbete “Fumo”.39 Reinaldo José Lopes, “Bandeirantes: faroeste caboclo”, site da revista Aventuras na História, disponível em http://historia.abril.com.br/fatos/bandeirantes-faroeste-caboclo-434323.shtml.40 Jorge Caldeira, Mulheres no Caminho da Prata, volume 1 de O Banqueiro do Sertão, Mameluco, 2006, página 319.41 Jurandir Coronado Aguilar, Conquista Espiritual, Editrice Pontificia Universitá Gregoriana, Roma, 2002, página 285.42 Site da Prefeitura Municipal de Guairá, disponível em www.guaira.pr.gov.br, acesso em 10 de junho de 2010.43 Luiz Felipe de Alencastro, O Trato dos Viventes, Companhia das Letras,2008, página 192.44 Altiva Pilatti Balhana, em Jorge Caldeira , História do Brasil com Empreendedores,Mameluco, 2009, página 223.45 Luiz Felipe de Alencastro, página 194.46 John Hemming, Ouro Vermelho: A Conquista dos Índios Brasileiros, Edusp, 1995, página 406.47 Marilza de Oliveira, Para a História Social da Língua Portuguesa em São Paulo: Séculos XVI-XVIII, disponível em http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/pdf/maril011.pdf .48 Jorge Caldeira (organizador), Brasil: A História Contada por Quem Viu, página 130.guia politicamente incorreto da história do brasil 7449 Heitor Megale e Sílvio de Almeida Toledo Neto, Por Minha Letra e Sinal: Documentos do Ouro do Século XVII, Ateliê Editorial, página 61.50 Jorge Caldeira, História do Brasil com Empreendedores, página 181.51 Heitor Megale e Sílvio de Almeida Toledo Neto, páginas 69 a 75.52 Jorge Caldeira, Mulheres no Caminho da Prata,página 361.53 Jorge Caldeira, Mulheres no Caminho da Prata,página 345.54 Glória Kok, “Descalços, violentos e famintos”, Revista de História da Biblioteca Nacional, julho de 2008.55 Roberto Pompeu de Toledo, A Capital da Solidão, Objetiva, 2003,página 192.56 José Teixeira de Oliveira, História do Café no Brasil e no Mundo, Barléu Edições, 2004, página 364.
comunistas império elogio à monarquia se você teve um professor ranzinza nas aulas de história da escola, deve ter aprendido a se envergonhar do Brasil do século 19.
Enquanto revolucionários e libertadores de boa parte do mundo travavam batalhas heróicas e conseguiam se livrar das garras das elites e dos países colonialistas, por aqui não aconteceu nada, nada:.ficamos sempre no quase.
As revoltas populares quase deram certo, mas foram sufocadas; os heróis quase venceram, mas foram perseguidos e mortos.
As mudanças que aconteceram foram todas de cima para baixo, com pouca participação do povo.
Fomos o último país a abolir a escravidão, o último a proclamar a República. Até a Independência decepciona, já que foi proclamada pelo próprio príncipe do reino português no Brasil.
Quando o professor revelava esse passado monótono, baixávamos a cabeça desanimados com a história nacional.
Mal imaginávamos que aquele aparente fracasso era motivo, se não de orgulho, pelo menos de alívio.
Basta ver o século 19 pelo lado dos nossos vizinhos.
As revoluções populares da América espanhola foram vitoriosas – e deram, quase todas, em tragédia.
Guerras civis, ditaduras e assassinatos em massa brotaram do México à Argentina, com o Chile como única exceção.
A região se despedaçou, dando origem a diversas e pequenas repúblicas inimigas entre si.
A Venezuela, depois de se ver livre da Espanha e se separar do vice-reinado da Grande Colômbia, caiu em guerras civis e raciais com resultados genocidas.
A estimativa de mortos nos conflitos venezuelanos varia muito, mas é sempre assustadora: vai de 3%a 30% da população 1
Na Argentina, as decisões ficaram nas mãos de caudilhos, líderes militarizados cheios de virilidade, bravura e proezas equestres, como Juan Manuel de Rosas e Facundo Quiroga. Quando esses homens chegavam ao poder, fechavam jornais, interrompiam eleições e praticavam atrocidades contra os inimigos e o povo em geral.
A autonomia teve contornos bizarros no Paraguai.
O primeiro presidente, José Gaspar Rodríguez de Francia, expulsou todos os empresários e comerciantes do país e decidiu se meter até mesmo na vida sexual dos cidadãos.
Só casamentos inter-raciais eram permitidos para os descendentes de europeus: os homens eram obrigados a casar com as índias.
Em toda a América espanhola, a economia foi à ruína, e demorou décadas para voltar aos níveis anteriores às revoluções.
O Brasil tomou um rumo diferente não só por ignorara voz do povo, por “pressão dos grandes proprietários de terras”, como geralmente se diz, ou por uma suposta mania
Já a bolívia começava naquela época sua carreira de campeã de golpes de Estado no mundo.
Da independência até hoje, foram mais de 150 tomadas de poder não constitucionais .império 273 do brasileiro de deixar as coisas como estão.
Os mais influentes deputados, senadores, ministros e conselheiros do Estado eram tão idealistas quanto os libertadores da América, mas de uma ideologia que desprezava revoluções, mudanças bruscas e atos heroicos contrários à realidade.
Num livro já clássico, A Construção da Ordem, o historiador José Murilo de Carvalho revelou o perfil.l comum dos políticos e magistrados daquela época.
A maioria deles tinha uma formação profissional e ideológica muito parecida: eram bacharéis formados na Universidade de Coimbra, um dos polos do pensamento conservador da Europa.
No fim do século 18 e começo do século 19, quem quisesse ser político, advogado, juiz ou funcionário público de um bom escalão tinha que estudar fora do Brasil.
Como ainda não havia faculdades de direito por aqui (as primeiras, de São Paulo e Olinda, são de 1828), quase todos os jovens mais ricos se mudavam para Portugal.
Entre 1822 e 1831, todos os ministros brasileiros que tinham educação superior haviam estudado em Portugal –72% deles em Coimbra.
Enquanto as teorias flamejantes que motivaram a Revolução Francesa tomavam o mundo, a Universidade de Coimbra tentava manter seus alunos à distância das ideias libertárias da moda.
“Coimbra foi particularmente eficaz em evitar contato mais intenso de seus alunos com o Iluminismo francês, politicamente perigoso”, afirma José Murilo de Carvalho em A Construção da Ordem.2
Era preciso contrabandear livros de Voltaire e Rousseau, pois a universidade os proibia.
O iluminismo propagado em Coimbra era mais comedido e cauteloso.
Os estudantes liam Adam Smith, o pai do liberalismo econômico, e Edmund Burke, o pai do conservadorismo britânico – dois autores que foram traduzidos para o português por José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu.
No Segundo Reinado, ex-alunos de Coimbra se tornaram os cabeças do Partido Conservador, o principal partido do Império.
Os políticos do grupo saquarema se inspiravam nos grandes teóricos do conservadorismo para fundamentar a missão de evitar revoluções e o caos no Brasil.
O visconde de Uruguai, que foi deputado, senador, ministro e conselheiro de dom Pedro II, acreditava que era preciso “empregar todos os meios para salvar o país do espírito revolucionário, porque este produz a anarquia, e a anarquia destrói, mata a liberdade, a qual somente pode prosperar com a ordem”.3
Bernardo Pereira de Vasconcelos, o mais sarcástico e influente orador do Parlamento brasileiro e autor do Código Criminal de 1830, não tinha vergonha de dizer que vinha da classe dos “capitalistas, dos negociantes, dos homens industriosos, dos que se dão com afinco às artes e ciências: daqueles que nas mudanças repentinas têm tudo a perder, nada a ganhar”.4
Criou-se assim um ambiente em que era deselegante e infantil pregar revoluções e reformas radicais.
Havia um consenso, mesmo entre os políticos brasileiros de grupos inimigos, que mudanças, se necessárias, deveriam passar por um processo lento e gradual, sem sobressaltos e traumas, garantindo liberdades individuais.
A maioria dos políticos tanto era contra o Antigo Regime (em que o rei tinha poder absoluto nas decisões), mas ninguém defendia revoluções que cortassem a cabeça dos padres e dos reis e resultassem em caos da economia e terror entre os cidadãos, como aconteceu na França a partir de 1789.
“Buscavam mudanças inovadoras, mas ao mesmo tempo queriam conservar o espírito cairu foi o homem que aconselhou dom João VI, quando este chegou à Bahia, a abrir os portos brasileiros às nações amigas.desse ponto de vista, a monarquia teve para o século 19 o mesmo papel da ditadura militar no século 20: evitar que baixarias ideológicas instaurassem o caos entre os cidadãos.império 275das antigas estruturas econômico-sociais”, explica a historiadora Lúcia Bastos Pereira das Neves no livro Corcundas e Constitucionais, outro clássico sobre a mentalidade política daquela época.5
No meio do caminho entre as reformas e a necessidade de manter a tradição, esses políticos são chamados hoje de liberais-conservadores.6
Aqueles homens participaram de uma escolha consciente, um projeto bem pensado e posto em prática para manter a unidade do Brasil e modernizá-lo sem correr o risco de entregá-lo a aventureiros a cavalo.
Não que tenham solucionado os problemas do país ou ficado livres de picaretagens e privilégios, como a nomeação de amigos e parentes a deliciosos cargos públicos.
Mas o Império teve virtudes que são frequentemente esquecidas, ao mesmo tempo em que é alvo de acusações injustas e da visão simplista de que teria atendido somente a “interesses da elite”.
Por mais fora de moda que isso pareça, é preciso defender a política da época.
A seguir, três defesas a ataques comuns que se fazem à monarquia no Brasil.a acusação:
o brasil foi um dos últimos países da américa a virar república a defesa:
a monarquia brasileira era mais republicana que as repúblicas vizinhas
No fim de 1889, quando um grupo de militares liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República e mandou a família real embora do Brasil, os observadores mais atentos dos países vizinhos entenderam muito bem o que a mudança significava.
Rojas Paúl, presidente da Venezuela, resumiu a queda da monarquia diferentemente dos heróis bravos e fortes do resto da América Latina, muitos dos políticos imperiais eram velhos curvados e doentes.
Dois deles, Bernardo Pereira de Vasconcelos e o padre Feijó, tinham problemas de locomoção
Discutiam no Parlamento esticando-se numa cadeira de rodas.
o último rei brasileiro liderou o país por 49anos, três meses e 22 dias – o segundo mais duradouro reinado daquela época, atrás apenas da rainha Vitória, da Inglaterra.
brasileira em uma única frase:
“Foi-se a única república da América”.
A famosa liberdade política do Império atingiu o ponto alto durante o reinado de dom pedro ii.
Dava o que falar não só entre as repúblicas vizinhas como entre os países europeus, criadores da noção de direitos individuais e de liberdade de imprensa.
Nos jornais, até mesmo injúrias e difamações podiam ser publicadas sem resultar em processo para seus autores.
“Diplomatas europeus e outros observadores estranhavam a liberdade dos jornais brasileiros”, conta o historiador José Murilo de Carvalho.
“Schreiner, ministro da Áustria, afirmou que o imperador era atacado pessoalmente na imprensa de modo que ‘causaria ao autor de tais artigos, em toda a Europa, até mesmo na Inglaterra, onde se tolera uma dose bastante forte de liberdade, um processo de alta traição’.”7
Os jornais publicavam dia a dia ilustrações satíricas – como a de dom Pedro II, sonolento, sendo atirado para fora do trono.
Mesmo diante desses ataques o imperador se colocava contra a censura.
“Imprensa se combate com imprensa”, dizia.
Nos 120 anos da República brasileira, são freqüentes os presidentes que trataram os cidadãos, pressionaram a imprensa e gastaram o dinheiro público como se fossem reis absolutistas. Mesmo aqueles que tiveram contribuições relevantes ao país caíram no costume de agir como se estivessem acima da lei.
Pode-se dizer o contrário de dom Pedro II.
Nosso último monarca, chefe do Poder Executivo e do Poder Moderador, descendente dos Bragança e dos habsburgo, duas das mais tradicionais famílias reais europeias, atuou quase sempre com a humildade que os presidentes deveriam ter.
Como imperador, ocupava, dessas duas famílias veio o verde--amarelo que até hoje distingue o Brasil.
O verde simbolizava a família Bragança, de dom Pedro I, e o amarelo, os Habsburgo, família da princesa Leopoldina.
É um mito a ideia de que essas cores foram inspiradas na natureza brasileira.
império 277além da cadeira de chefe do Poder Executivo, a de chefe do Poder Moderador, criado para ser um árbitro em situações de impasse, crise e intenso conflito político.
Essa força dava a ele permissão para dissolver a Câmara dos Deputados e convocar novas eleições.
Acumulando os dois poderes, dom Pedro II era quase um rei absoluto, mas raramente tomava decisões autoritárias.
Trocava ministros com cautela e procurava acatar a decisão dos deputados.
Achava desconfortável a posição de monarca – diversas vezes disse que preferia ser um presidente eleito ou simplesmente um professor.
“Difícil é a posição de um monarca nesta época de transição”, escreveu para a sua amante, a condessa de Barral.
“Eu decerto poderia ser melhor e mais feliz presidente da República do que imperador constitucional.”
A humildade de dom Pedro II se revelava também no cuidado que ele tinha com os gastos pessoais – outra atitude tão comum entre nossos presidentes quanto passar as férias em Osasco.
Não que o imperador custasse pouco ao Brasil – a família real ganhava uma mesada anual de 800 contos de réis, uma pequena fortuna.
Em todo o seu reinado, porém, dom Pedro II nunca permitiu que a dotação fosse reajustada, mesmo diante da insistência de ministros e parlamentares.
A quantia nem sempre era suficiente, pois . financiava bolsas de estudos de jovens brasileiros no exterior, colégios, instituições de caridade e custos extraordinários do país – em 1867, o imperador doou um quarto da dotação ao caixa da Guerra do Paraguai.
Para viajar pelo brasil e pelo mundo (dom Pedro II fez três longas viagens à Europa e ao Egito e Jerusalém e outra aos Estados Unidos), emprestava dinheiro de casas dom pedro ii tentou ser presidente.
Nos últimos meses do Império, diante da opinião pública cada vez mais republicana, o imperador decidiu levar à votação da Câmara dos Deputados o fim da monarquia.
Prometeu ao chefe do Conselho de Ministros, José Antônio Saraiva, que abdicaria do trono se a Câmara optasse pela República.
Temendo represálias da princesa Isabel, o ministro não levou a ideia adiante.
o salário anual de um ministro de Estado era de 144 contos de réis.
ao visitar a bahia, em1859, dom Pedro II fez um comentário curioso sobre a beleza das baianas.
“Não vi nenhuma cara de senhora que chamasse a atenção”, escreveu em seu diário de negócio brasileiras e fechava a mão nos gastos.
Os estrangeiros que visitaram os palácios reais se espantavam com a “simplicidade e franqueza quase republicanas”, como descreveu a americana Elizabeth Agassiz em 1865.
O Palácio de São Cristóvão, residência da família imperial, era mal iluminado, sujo e tinha móveis velhos – isso quando tinha: na sala em que os ministros esperavam para se reunir com o imperador mal havia cadeiras.
O palácio no centro Rio de Janeiro também assustava.
“Comentava-se que o Paço da Cidade se transformara, com o tempo e a falta de uso, em um velho palácio decadente e abandonado, com seus móveis velhos e sem valor”, conta a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz.8
Diferente de outros reinos, o brasileiro não tinha uma corte movimentada, repleta de nobres se distraindo em jardins e solenidades.
As cerimônias e os bailes eram raros e simplórios, como notou, escandalizada, a educadora alemã Ina von Binzer.
“Você não faz ideia do que eu sentia! Era tudo horrivelmente simples!”, escreveu ela sobre a corte brasileira.
Se dom Pedro II tolerava opiniões divergentes e ligava pouco para o poder, não se pode falar o mesmo de seu pai.
As grosserias e intempestividades de dom Pedro I são famosas – o homem foi o líder mais tosco da história do Brasil.
Fanfarrão, temperamental, mal-educado, devasso, corrupto, todos esses adjetivos cabem sem exageros ao jovem imperador.
Quando se sentia ofendido por algum jornal, dom Pedro I publicava panfletos anônimos cheios de xingamentos
Isso quando não partia direto para a violência.
Em1823, mandou um bando invadir a casa de Luís Augusto May, autor de um panfleto de oposição, o Malagueta, e dar uma surra no homem.
nas viagens, o “imperador filósofo” aproveitava para se encontrar com seus ídolos do mundo literário e científico.
Conheceu os escritores Lewis Carroll, Júlio Verne e Victor Hugo, o cientista Louis Pasteur, Graham Bell, o inventor do telefone, e Thomas Edison, o gênio da lâmpada.
Também teve um encontro casual, na Áustria, com o maior filósofo dos últimos séculos, Friedrich Nietzsche
império 279a princesa se recusara a participar da cerimônia do beija--mão na companhia da marquesa de Santos.
Durante um bate-boca, dom Pedro acabou dando pontapés na mulher, então grávida de 3 meses.
“Há quase quatro anos”, escreveu Leopoldina para a irmã, pouco antes de morrer, “que por amor a um monstro me vejo reduzida ao estado da maior escravidão.”
Os ministros de dom Pedro I também precisavam ter paciência com o chefe.
Ele costumava demiti-los por qualquer motivo, geralmente quando se irritava com eles.
O gabinete ministerial mudou dez vezes em seus nove anos de governo.
“Tinha o hábito de intrometer-se em tudo, de distribuir os menores cargos, de dispor dos dinheiros do tesouro, degradando com isso as funções de ministro e humilhando os que as exerciam”, conta a historiadora Isabel Lustosa.9
Dom Pedro tomava ainda decisões arbitrárias e irresponsáveis.
Em 1823, seis meses depois de convocar uma Assembleia Constituinte, se irritou com os deputados, fechou a câmara e mandou todos para casa.
Os desmandos de dom Pedro I, a suspeita de que ele provocou a morte da imperatriz leopoldina e sua vontade de virar rei de Portugal levaram o povo e os políticos imperiais a se revoltarem contra ele, que acabou dando o fora do Brasil em abril de 1831.
Aquele herói, definitivamente, não tinha nenhum caráter.
No entanto, está ficando claro aos historiadores que tantas canalhices e traquinagens ofuscaram um lado menos perverso de dom Pedro I.
Ao fechar a Assembléia Constituinte, ele prometeu uma constituição “duas vezes mais liberal” que a planejada pelos deputados.
Cumpriu a promessa no ano seguinte, apresentando uma das cartas mais modernas da época. A Constituição de 1824, apesar de centralizar poder demais nos braços do rei, permiti ao voto até mesmo de analfabetos.
Havia uma exigência de renda mínima para poder votar, mas o valor era baixo – 100 mil-réis, menos que o salário de um contínuo.10
A carta era ainda mais liberal na religião.
Por todo o século19 haveria gente defendendo o ultra montanismo, corrente que pregava a superioridade da Igreja ao Estado – os
a cerimônia em que dom Pedro I jurou a Constituição aconteceu em 25 de março de1824.
A data logo virou nome de rua,como a do famoso ponto de comércio ambulante do centro da cidade de São Paulo.
a impotência de dom pedro i
A devassidão de dom Pedro I já é bem conhecida e registrada.
Sabe-se que ele teve pelo menos 17 amantes,entre elas “a favorita”, Domitila de Castro, a marquesa de Santos, e até mesmo a irmã dela, Maria Benedita, a baronesa de Sorocaba.
Tanto vigor sexual rendeu ao nosso primeiro imperador alguns incômodos problemas de saúde.
Ele próprio fala sobre as doenças de sua “coisa” numa carta à marquesa em novembro de 1827: Para veres a esquisitice de tua coisa, remeto a camisa, e onde vai pregado um alfinete verás o que deitei espremendo às seis horas, e mais acima o que espremi depois, que já não é nada.
Creio pelo dia adiante ela se portará como ontem; não tem nada que nos impossibilite de fazermos amor, não importa que o tempo e cautela a há de pôr boa e serei.11
Menos conhecido é o fato de que esse apetite sexual frequentemente dava lugar a falhas da tal “coisa”.
Na mesma carta acima, dom Pedro se queixa à marquesa de que “sua máquina triforme, para tornar a atinar, custa diabos”.
No segundo casamento do imperador, com Amélia de Beauharnais, princesa da Baviera, as falhas se tornaram mais frequentes.
Em 1830, numa carta a um amigo, o imperador confessa que “até para o pôr assim ... já não é pouco dificultoso”.
No lugar das reticências, a carta registra o desenho de um pênis ereto.
12império 281chefes de governo dos reinos católicos deveriam ser indicados pelo Vaticano.
Em 1824, dom Pedro I não só deixou claro que quem mandava era o Estado como oficializou a tolerância religiosa.
A constituição previa que os bispos seriam nomeados pelo próprio imperador e que judeus e outros grupos não cristãos (como a Maçonaria, com a qual o imperador simpatizava) poderiam abrir templos no Brasil.
Como resume o historiador Neill Macaulay:
Dom Pedro, de fato, deu ao Brasil uma carta que assegurou por 65 anos os direitos básicos dos cidadãos – não perfeitamente, mas melhor que qualquer oura nação do Hemisfério Ocidental naquela época, com a possível exceção dos Estados Unidos – enquanto os vizinhos da América Latina, sob inúmeras constituições que diferiam só em detalhes daquela desenhada na Assembleia, caíram vítimas de longos períodos de ditaduras e regras arbitrárias.
13a acusação:
a independência foi um jogo de cartas marcadas a defesa
ninguém queria se separar de portugal
A Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, lembra geralmente um jogo de cartas marcadas.
Como aconteceu sem a participação do povo ou de um herói libertador, ficou a impressão de que o Brasil manteve laços da dominação colonial mesmo depois de se separar.
Como escreveu o historiador Evaldo Cabral de Mello:
“O brasileiro nunca se sentiu à vontade com a maneira pela qual se emancipou, intuindo que a Independência fora pouco mais excitante que a tramitação de um processo burocrático”.
14a princesa isabel, neta de dom Pedro I, era vista como uma ultramontana.
o sete de setembro foi um símbolo nacional que se construiu aos poucos.
Décadas depois de dom Pedro dar o grito do Ipiranga pouca gente comemorava a data ou a considerava importante para a história do Brasil.
Só a partir de 1862, com a inauguração da estátua eqüestre de dom Pedro I no Rio, e principalmente nos primeiros anos da República, o Sete de Setembro ganhou a importância que tem hoje.
Na verdade, até meados de 1822, meses antes de dom Pedro tornar o país independente, ninguém ligava para a separação do Brasil do reino português.
Ela não passava pela cabeça dos políticos, juízes, jornalistas, funcionários públicos, nem dos cidadãos comuns.
Nos panfletos e jornais, não há defesas à cisão do reino português.
O principal jornalista da  época, Hipólito da Costa, criador do Correio Braziliense, desprezava a independência até meados de 1822.
A historiadora Lúcia Bastos Pereira das Neves analisou mais de 300 folhetos políticos e jornais publicados nos três anos anteriores à Independência, além de cartas, documentos oficiais e mais de 30 jornais da época.
Descobriu que a ideia do Brasil livre de Portugal virou um plano de verdade só em abril, cinco meses antes dos cupinzeiros das margens do Ipiranga entrarem para a história.
“Em fins de 1821 e princípios de 1822, ao contrário do que poderia sugerir uma interpretação tradicional da Independência, as ideias favoráveis à emancipação do Brasil encontravam-se completamente ausentes do debate político”, concluiu a historiadora no livro Corcundas e Constitucionais, publicado em 2003.
As polêmicas da época eram outras.
A principal delas tratava da forma de governo que o grande reino português deveria adotar. No começo do século 19, as monarquias de todo o mundo estavam divididas.
A lembrança da Revolução Francesa atrapalhava o sono dos nobres – Luis XVI e Maria Antonieta haviam sido guilhotinados no meio de multidão em festa; anos depois Napoleão varreu quase todos os tronos ainda em pé na Europa continental.
Neste novo cenário, os nobres se dividiam em absolutistas e constitucionais.
Os primeiros, apelidados de corcundas, defendiam a volta aos tempos antigos, quando o rei tinha poder império 283 total sobre o governo do país, a criação de leis e o sistema judiciário.
 Já os constitucionais achavam necessário se adaptar ao espírito do século e aceitar um poder limitado, em que o monarca tinha que baixar a cabeça à Constituição.
O segundo grupo ganhou o páreo, a custo de muita luta política e pressão popular.
Dos panfletos e jornais que circulavam no Brasil, quase todos defendiam a Constituição – alguns deixavam isso claro já no título: Diário Constitucional, Revérbero Constitucional, Compilador Constitucional, Hinos Constitucionais e até mesmo O Alfaiate Constitucional. Outro motivo de discussão era o lugar em que o reino português deveria instalar sua sede. Isso porque a idéia mais corrente da época era criar o Império Luso-Brasileiro, um reino unido em que Brasil e Portugal teriam governos independentes e o mesmo poder político.
Era o que planejava José Bonifácio de Andrada e Silva, o “patriarca da Independência”.
No livro Lembranças e Apontamentos do Governo Provisório da Província de S. Paulo para os seus Deputados, publicado em junho de 1821 para orientar os deputados que representariam o Brasil em Lisboa, ele afirma a posição na ideia do governo brasileiro autônomo.
E considera essencial “determinar onde deve ser a sede da Monarquia; se no Reino do Brasil, ou alternativamente pelas séries dos Reinados em Portugal e no Brasil; ou . no mesmo Reinado por certo tempo, para que assim possa o Rei mais depressa satisfazer reciprocamente as saudades de seus povos”.15
Essa posição se manteve até o ano seguinte.
A cisão do reino só aconteceu por causa da insistência dos parlamentares portugueses em manter o Brasil num nível político mais baixo.
Em 9 de dezembro de 1821, emissários chegaram de Portugal com ordens duras a famosa frase foi divulgada à imprensa no dia seguinte ao Fico.
A original era mais imprecisa e indecisa:
“Convencido de que a presença de minha pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a nação portuguesa, e convencido de que a vontade de algumas províncias assim o requer, demorarei a minha saída até que as Cortes e meu augusto pai deliberem a este respeito, com perfeito conhecimento das circunstâncias que têm ocorrido”.impostas pelo governo português.
Os decretos insistiam na volta de dom Pedro à Corte e determinavam o fechamento de tribunais e departamentos administrativos, o que resultaria na demissão de 2 mil pessoas que viviam da administração do reino no Brasil.
Jornais logo se pronunciaram; cartas e abaixo-assinados chegavam de São Paulo e Minas Gerais.
Em 9 de janeiro de 1822, depois de receber um manifesto com 8 mil assinaturas para que desobedecesse as ordens de Portugal e permanecesse no Brasil, dom Pedro comunicou a todos a célebre frase:
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto!
Digam ao povo que fico”.
O Dia do Fico é considerado o instante inicial da rachadura que resultaria na independência; no entanto, mesmo depois desse episódio, os brasileiros ainda tinham esperança em continuar como parte do reino e manter uma ligação com a Europa.
Como mostra um panfleto dirigido aos portugueses e publicado depois do 9 de janeiro:
Atrevidos, o Brasil não é escravo; o Brasil quer, e há de querer sempre ser unido a Portugal; mas ele não sofrerá insultos de seu irmão, sendo que mais velho seja, nem teme fantasmas.16
Com o passar das semanas, porém, ideia de manter a união com Portugal foi subindo no telhado.
As cortes portuguesas teimavam em reduzir o Brasil a colônia.
No dia 28de agosto, chegaram de Lisboa mais ordens a dom Pedro I.
Desta vez, pediam que ele anulasse medidas tomadas por José Bonifácio, demitisse todos os ministros e colocasse no lugar homens escolhidos pelos portugueses.
O príncipe não teve alternativa senão fazer o que não queria: anunciar
Quando o reino português mandou cortar as vagas, a Independência ganhou milhares de apoiadores.
“Todos os indivíduos espoliados dos seus empregos pela extinção dos tribunais converteram-se em patriotas exaltados”, escreveu, na época,o negociante inglês John Armitage.
Isso que dá mexer com funcionário público.império 285a Independência do Brasil.
A partida que ele jogou não foi a de cartas marcadas – e sim um blefe que assustou até súditos brasileiros.
a acusação o brasil foi o penúltimo país da américa a abolir a escravidão
a defesa: até mesmo o povo brasileiro custou a apoiar a abolição
Uma acusação frequente que se faz à monarquia é ter demorado tanto para dar um fim à escravidão.
O fato não é mesmo motivo de orgulho: o Brasil, pouco depois de Cuba, foi o último país da América a libertar os escravos.
É injusto, no entanto, responsabilizar somente os líderes do país por essa lentidão.
Para aprovar leis, eles precisavam do apoio dos deputados e senadores, que refletiam, pelo menos em parte, a opinião pública.
E não só os proprietários rurais, mas o povo em geral e até mesmo a maior parte dos escravos demoraram a aderir com entusiasmo à luta abolicionista.
Nos livros didáticos de história do Brasil, as revoltas do Período Regencial (os nove anos em que o país esperou a maioridade de dom Pedro II) aparecem sempre como expressão da vontade popular a ser “sufocada” e “abafada” pelas forças imperiais.
Pois nenhuma das grandes revoltas regenciais propunha o fim total da escravidão.
A maioria delas deu mostras de que, se fossem vitoriosas, seguiriam o caminho dos governos de caudilhos latino--americanos.
Eram indiferentes com relação à abolição até mesmo os movimentos que contavam com milhares de negros e escravos entre seus aliados, como a Cabanagem, do Pará, conhecida pela participação do povo nos protestos.
Os rebeldes “cabanos” tinham como objetivo principal a independência do estado:
não havia consenso sobre o fim da escravidão.
Eduardo Angelim, um dos líderes da Cabanagem, chegou a sufocar revoltas de escravos e executar os próprios aliados que pregavam a abolição.17
O gaúcho Bento Gonçalves, o grande líder da Revolução Farroupilha, morreu em 1847 deixando no seu testamento 53 escravos para seus filhos e netos.18
Costume aceito por milênios de tradição, a escravidão foi uma atividade que as pessoas só lentamente começaram a encarar como injusta.
Em junho de 1850, navios ingleses passaram a invadir portos do Paraná ao Rio de Janeiro para apreender, afundar ou queimar navios negreiros.
Os ataques provocaram exaltados protestos populares no Rio de Janeiro – não para defender os abolicionistas ingleses, e sim para reclamar da intromissão inglesa na soberania nacional e defender os traficantes de escravos que tinham seus navios destruídos.19
Sob a pressão inglesa, quem era contra a abolição passou a usar o patriotismo e a soberania como argumento, como fez o escritor José de Alencar (veja na página 116).
“O movimento popular só adquiriu força na década de 1880, tão enraizado estava o escravismo em nossa sociedade”, afirma o historiador José Murilo de Carvalho.20
Mesmo as revoltas escravas não largavam o sistema escravista.
É o caso da Revolta dos Malês, organizada por negros muçulmanos na Bahia, em 1835.
Os escravos queriam conquistar a liberdade – e escravizar os brancos e os negros que não fossem muçulmanos.
Em se tratando de liberdade dos escravos, alguns líderes do Império foram mais revolucionários que os revoltosos do século 19.
José Bonifácio, cujas cartas dom Pedro e a sabinada, que estourou na Bahia entre 1837 e 1838, prometia liberdade aos escravos –mas só aos que participassem da revolta contra o poder imperial.
império 287as amantes de dom pedro ii
Quando se fala em escândalos sexuais da monarquia brasileira, logo vêm à lembrança as cenas do tipo tarja preta de dom Pedro I.
Pouca gente lembra que o filho dele, apesar de tímido e desajeitado, também deu suas puladas de cerca – o que era comum na época e até esperado por sua esposa.
A maior paixão de dom Pedro II foi Luísa Margarida de Barros Portugal, a condessa de Barral.
Os dois se conheceram em 1856 e mantiveram contato até 1891, quando ela morreu.
Foi uma relação bem mais discreta que a do pai com a marquesa de Santos.
Há menções de cenas de alcova, mas o que o imperador gostava mesmo era de discutir política com a condessa, uma mulher inteligente, bem educada e religiosa.
O casal trocou mensagens com uma freqüência que impressiona.
Chegaram aos dias de hoje 820 cartas escritas pelo imperador a Barral, e acredita-se que ela tenha escrito a ele pelo menos mil mensagens (como ele costumava queimar as cartas depois de ler, apenas 90 restam intactas).
Cartas recém-descobertas sugerem que dom Pedro II teve casos com diversas mulheres, como Maria Eugênia Guedes Pinho (uma das mulheres mais bonitas do Rio de Janeiro em 1850) e a condessa de Villeneuve (mulher de Júlio de Villeneuve, dono do Jornal do Commercio).21 Foram histórias mais picantes que o longo namoro com a condessa de Barral.
Algumas mensagens para a condessa de Villeneuve lembram o pai.
“Não consigo mais segurara pena, ardo de desejo de te cobrir de carícias”, escreveu dom Pedro II em 7 de maio de 1884.
“Que loucuras cometemos na cama de dois travesseiros!”22
leu momentos antes de dar o grito no Ipiranga, defendia a emancipação dos negros antes mesmo da Independência, mas ninguém lhe dava ouvidos.
Em 1819, para mostrar a seus vizinhos que a escravidão não era um mal necessário, Bonifácio montou um sítio em Santos onde trabalhavam apenas homens livres.
Os vizinhos não seguiram o seu modelo.
Décadas depois, foi a vez de dom Pedro II polemizar ao insistir na liberdade gradual dos escravos.
Para aprovar as leis que progessivamente extinguiram a escravidão, o imperador teve que se bater com os políticos conservadores e liberais que formavam sua grande base de apoio. Deputados e jornalistas o acusaram até de impor o fim dos cativeiros de forma autoritária, pois dom Pedro II usava o poder do trono para mudar ministros e favorecer aqueles que topassem apresentar leis abolicionistas à Câmara dos Deputados.
Integrantes do Partido Liberal e do Partido Conservador acusavam de “suicídio político” os colegas que apoiavam os projetos de emancipação.
A abolição, como se sabe, foi um dos fatores a provocar o fim da monarquia no Brasil.
O descontentamento com dom Pedro II ficou evidente ao deputado Leão Veloso ao analisar a situação política da Bahia:
“Aqui não havia republicanos, e agora não somente os há, como não há liberal que não se mostre disposto a sê-lo: na grande propriedade então parece firmado o divórcio com a monarquia”, escreveu ele.23
Em 16 de novembro de 1889, horas depois de ser destituído do trono pelos republicanos, dom Pedro II foi embora do Brasil levando consigo um travesseiro cheio de terra brasileira.
A liberdade política que o Império possibilitou foi embora com ele.
Em 23 de dezembro, pouco mais de um o partido republicano Paulista (PRP), um dos mais fortes grupos que apoiaram o 15 de novembro, foi formado em 1873, dois anos depois da aprovação da Lei do Ventre Livre, por barões de café escravistas de São Paulo império 289mês depois do início do novo regime, o marechal Deodoro da Fonseca instituiu a censura prévia.
Uma junta de militares passou a avaliar os jornalistas que ameaçavam o novo regime.
Os presos políticos e exilados, figuras que não existiam no Segundo Reinado, de repente se multiplicaram.
Boa parte dos políticos, editores de jornais e cidadãos comuns logo tiveram saudade dos tempos reais.
O jornalista João do Rio, ao descrever o Rio de Janeiro de 1908 no livro A Alma Encantadora das Ruas, se mostrou surpreso com a quantidade de trabalhadores, negros e brancos, que levavam nas costas tatuagens de símbolos imperiais.
Afirmou ele:
“Pelo número de coroas da monarquia que eu vi, quase todo esse pessoal é monarquista”.
notas1 Micheal Clodfelter, Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Referenceto Casualty and Other Figures, 1500-2000, McFarland & Company, 2002,página 184.2 José Murilo de Carvalho, A Construção da Ordem, 3a edição, CivilizaçãoBrasileira, 2003, página 84.3 Retirado de Christian Edward Cyril Lynch, “O conceito de liberalismo no Brasil (1750-1850)”, Revista Iberoamericana de Filosofía, Política y Humanidades, ano 9, no 17, primeiro semestre de 2007.4 José Murilo de Carvalho, Bernardo Pereira de Vasconcelos, ColeçãoFormadores do Brasil, Editora 34, 1999, página 27.5 Lúcia Bastos Pereira das Neves, Corcundas e Constitucionais, Revan,2003, página 51.6 Umberto Guarnier Mignozzetti, A Apropriação de Modelos Estrangeiros pelo Pensamento Político Brasileiro: O Uso do Pensamento Francêsna Experiência Política de Bernardo Pereira de Vasconcelos, Marquês de São Vicente e Visconde do Uruguai, Universidade de São Paulo,2009, página 13.7 José Murilo de Carvalho, Dom Pedro II, Companhia das Letras, 2007,página 88.8 Lilia Moritz Schwarcz, As Barbas do Imperador, 2a edição, Companhia das Letras, 1999, página 564.9 Isabel Lustosa, D. Pedro I,Companhia das Letras, 2006, página 227.10 José Murilo de Carvalho, A Construção da Ordem,página 147.11 Alberto Rangel, Cartas de Pedro I à Marquesa de Santos, Nova Fronteira, 1984, página 326.12 Isabel Lustosa, página 290.13 Neill Macaulay, Dom Pedro: The Struggle for Liberty in Brazil and Portugal,1798-1834, Duke University Press, 1986, página 164.14 Evaldo Cabral de Mello, “Iluminismo envergonhado”, Folha de S. Paulo,sábado, 14 de junho de 2003.império 29115 Jorge Caldeira (org.), José Bonifácio de Andrada e Silva, Coleção Formadores do Brasil, Editora 34, página 126.16 Lúcia Bastos Pereira das Neves, página 303.17 José Maia Bezerra Neto, “Ousados e insubordinados: protesto e fugasde escravos na província do Grão-Pará – 1840/1860”, revista Topoi,Rio de Janeiro, março de 2001, páginas 73 a 112.18 Jorge Caldeira (org.), página 22.19 Leslie Bethell, The Abolition of the Brazilian Slave Trade, CambridgeUniversity Press, 1970, páginas 329 e 330.20 José Murilo de Carvalho, Dom Pedro II, página 193.21 Lilia Moritz Schwarcz, página 564.22 José Murilo de Carvalho, Dom Pedro II, páginas 76 e 77.23 José Murilo de Carvalho, Teatro de Sombras, Civilização Brasileira,2007, página 312.
v

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