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16 setembro, 2011

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Políticas de leitura – o modelo mexicano

Por Blog Acesso

A América Latina parece ter despertado para a importância de promover o acesso à leitura como mecanismo de ampliação do desenvolvimento socioeconômico do continente. Países como Chile, Colômbia, Argentina, México e Brasil investem em políticas públicas de fomento à leitura e de democratização do acesso ao livro.
Assim como o Brasil, o México parte do viés da formação de leitores e de mediadores de leitura, atuando diretamente no processo educativo por meio de programas e prêmios. Atualmente, o país conta com 7 mil bibliotecas, além de salas de leitura e espaços para atividades ligadas à literatura, como a contação de histórias.
Para o pesquisador mexicano Rubén Pérez-Buendía, que esteve no último Enecult representando a Cátedra Unesco de Leitura da PUC-RJ, a escola é uma instituição-chave para a formação de cidadãos-leitores, imbuídos de responsabilidade social e valores éticos, capazes de dar continuidade à democracia. “Toda política de leitura passa pelos vieses educativo e cultural. O leitor é aquele que, por meio do uso da linguagem, é capaz de interpretar e de dar sentido aos distintos acontecimentos de sua realidade. Tomando como base a resignificação de códigos, o leitor dialoga consigo mesmo e com o mundo, sendo capaz de  discernir e de problematizar a realidade. Ele escuta aos outros, sabe o que eles dizem e de que lugar estão falando, e é capaz de construir seu próprio discurso. O leitor a que aspiramos construir é necessário para garantir, inclusive, a permanência da democracia”, diz Pérez-Buendía.
Ele conta que as políticas públicas de leitura do México partem do princípio de que é preciso ter acesso à literatura, mas também a outros tipos de leituras. “Ler bem é importante para o convívio em sociedade. O indivíduo precisa saber ler a cidade, as regras do cartão de crédito, o contrato de trabalho”, explica. Quanto à literatura, o pesquisador alude ao conceito da arte como elemento de representação da realidade. “A representação estética do mundo atua para a construção do indivíduo e para o entendimento do outro. A literatura faz um relato da condição humana. Acredito que começamos a exercer o poder de leitor muito antes da letra escrita, inclusive, muito antes da palavra. O leitor é leitor antes de conhecer o alfabeto. Costumo lembrar que, quando um bebê nasce, recebe uma pulseira com seu nome e a hora de sua chegada ao mundo, o que representa nosso primeiro ato de membro da cultura escrita”, avalia.
Entre as ações para o fomento à leitura do governo mexicano, destaca-se o Programa Nacional de Salas de Leitura que distribui livros para pessoas voluntárias, interessadas em atuar como mediadores de leitura. O governo fornece os livros e a capacitação permanente dos mediadores. Já para reconhecer e valorizar o trabalho de agentes de leitura e de outras iniciativas, foi criado o programa México Lê, que visa premiar os diversos formatos de incentivo à leitura.
Quanto aos livros destinados às escolas, regularmente, a seleção é feita por comitês de professores. “O comitê decide os livros mais adequados aos alunos e participa do trabalho de formação de professores. Na verdade, a formação de professores, bibliotecários e mediadores de leitura é feita com regularidade. Quando identificamos a dificuldade na prática pedagógica, fazemos o acompanhamento e estabelecemos um assessor para garantir as melhores condições pedagógicas para a escola. Essa experiência feita em poucas escolas está rendendo ótimos resultados”, conta.
Sobre as experiências de formação de leitores realizadas na América Latina, Pérez-Buendía assinala que os países latinoamericanos têm criado diversos programas, no entanto, ainda faltam espaços para o compartilhamento dessas experiências. “O Observatório de Políticas Públicas de Leitura cria, justamente, um espaço mais amigável para compartilhar as experiências. Acreditamos que a literatura tenha o poder de transportar e de transformar as pessoas”, afirma.

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