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21 outubro, 2011

Dá-lhe Vieira? - Professores em Rede


 RECEBI E REPASSO, POIS VALE A PENA LER.
fRANZEm 19 de outubro de 2011 13:00, ibraim José das Mercês Rocha ibraimrocha@ig.com.br escreveu:
A Verdade é que a nossa capacidade de acreditar nos políticos já chegou ao fim, veja a roubalheira da ALEPA, em plena crise eles querem construir um  novo palácio, sem precisar diga-se de passagem, imagine-se esses novos governadores, tribunais, assembléia, como vai ser boa essa farra do novo verbo furtar , pois eles vão ter uma justificativa de que o povo quer.
 ibraim rocha Em 18 de outubro de 2011 19:03, Valdimar Barros valdimar_barros@yahoo.com.br escreveu:
 Com esse discurso só tem uma solução:
Extinguir as Unidades Federadas e transformar o Brasil em um Estado Unitário, pois assim serão menos governantes para a prática do furto.
Ou melhor, extinguir o Brasil como Estado Independente e voltar a ser Colônia de Portugal, dessa forma serão apenas as autoridades de lá para tal prática.
O texto, aparentemente, busca demonstrar que todas as anteriores, atuais e futuras autoridades públicas são dilapidadoras dos cofres públicos e que a criação de novos cargos públicos representará “mais assaltos aos cofres públicos”.
Não creio que isso seja uma verdade, pois, se assim for, estaremos afirmando que a estrutura estatal é corruptora e que todos que chegarem a ser um Agente Político (seja por eleição da sociedade ou através de concurso público), também serão corruptos.
O pior desse discurso é a completa falta de crença na capacidade da sociedade de conduzir o seu destino, de mudar pra melhor, de escolher corretamente os seus governantes.
É a completa falta de crença no ser humano, na própria humanidade, no lado bom de cada um de nós...
Assunto: Enc: Tapajós e Carajás - uma análise imperdível!
Após a leitura, a gente percebe que o tempo passa mas a história não muda muito...
Eu já li alguns artigos sobre a divisão do Estado do Pará, mas esta análise feita pelo professor José R.B. Freire é uma obra-prima jornalística, que nos remete aos tempos de Padre Antônio Vieira e seus famosos sermões.
Vale a pena ler todo o artigo com atenção.
Excelente!
 P.S. - O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO).
TAPAJÓS E CARAJÁS: FURTO, FURTEI, FURTAREI
José Ribamar Bessa Freire 09/10/2011 - Diário do Amazonas
Essa foi a vaia mais estrondosa e demorada de toda a história da Amazônia.
Começou no dia 4 de abril de 1654, em São Luís do Maranhão, com a conjugação do verbo furtar, e continuou ressoando em Belém, num auditório da Universidade Federal do Pará, na última quinta-feira, 6 de outubro, quando estudantes hostilizaram dois deputados federais que defendiam a criação dos Estados de Tapajós e Carajás.
A vaia, que atravessou os séculos, só será interrompida no dia 11 de dezembro próximo, quando quase 5 milhões de eleitores paraenses irão às urnas para votar, num plebiscito, se querem ou não a criação dos dois Estados desmembrados do Pará, que ficará reduzido a apenas 17% de seu atual território caso a resposta dos eleitores seja afirmativa.
A proposta de divisão territorial não é nova.
Embora o fato não seja ensinado nas escolas, o certo é que Portugal manteve dois estados na América:
o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão-Pará, cada um com governador próprio, leis próprias e seu corpo de funcionários.
Somente um ano depois da Independência do Brasil, em agosto de 1823, é que o Grão-Pará aderiu ao estado independente, com ele se unificando.
Pois bem, no século XVII, a proposta era criar mais estados.
Os colonos começaram a pressionar o rei de Portugal, D. João IV, para que as capitanias da região norte fossem transformadas em entidades autônomas.
O padre Antônio Vieira, conselheiro do rei de Portugal, D. João IV, convenceu o monarca a fazer exatamente o contrário, criando um governo único do Estado do Maranhão e Grão-Pará sediado inicialmente em São Luís e depois em Belém.
Para isso, o missionário jesuíta usou um argumento singular.
Ele alegava que se o rei criasse outros estados na Amazônia, teria que nomear mais governadores, o que dificultaria o controle sobre eles.
É mais fácil vigiar um ladrão do que dois, escreveu Vieira em carta ao rei, de 4 de abril de 1654:
“Digo, senhor, que menos mal será um ladrão que dois, e que mais dificultoso será de achar dois homens de bem que um só”.
Num sermão que pregou na sexta-feira santa, já em Lisboa, perante um auditório onde estavam membros da corte, juízes, ministros e conselheiros da Coroa, o padre Vieira, recém-chegado do Maranhão, acusou os governadores, nomeados por três anos, de enriquecerem durante o triênio, juntamente com seus amigos e apaniguados, dizendo que eles conjugavam o verbo furtar em todos os tempos, modos e pessoas.
Vale a pena transcrever um trecho do seu sermão:
- “Furtam pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos.
Esses mesmos modos conjugam por todas as pessoas:
porque a primeira pessoa do verbo é a sua, as segundas os seus criados, e as terceiras quantos para isso têm indústria e consciência”.
Segundo Vieira, os governadores ”furtam juntamente por todos os tempos”.
Roubam no tempo presente, “que é o seu tempo” durante o triênio em que governam, e roubam ainda ”no pretérito e no futuro”.
Roubam no passado perdoando dívidas antigas com o Estado em troca de propinas, “vendendo perdões” e roubam no futuro quando “empenham as rendas e antecipam os contrato, com que tudo, o caído e não caído, lhe vem a cair nas mãos”.
O missionário jesuíta, conselheiro e confessor do rei, prosseguiu:
“Finalmente, nos mesmos tempos não lhe escapam os imperfeitos, perfeitos, mais-que-perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse.
Em suma, que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo:
a furtar, para furtar.
E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles como se tiveram feito grandes serviços tornam carregados de despojos e ricos; e elas ficam roubadas e consumidas”.
Numa atitude audaciosa, padre Vieira chama o próprio rei às suas responsabilidades, concluindo:
“Em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz dos príncipes de Jerusalém:
os teus príncipes são companheiros dos ladrões.
E por que?
São companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são companheiros dos ladrões, porque talvez os defendem; e são finalmente, seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo”.
Os dois novos Estados – Carajás e Tapajós – se criados, significam mais governadores, mais deputados, mais juizes, mais tribunais de contas, mais mordomias, mais assaltos aos cofres públicos.
Por isso, o Conselho Indígena dos rios Tapajós e Arapiuns, sediado em Santarém, representando 13 povos de 52 aldeias, se pronunciou criticamente em relação à proposta. Em nota oficial, esclarece:
“Os indígenas, os quilombolas e os trabalhadores da região nunca estiveram na frente do movimento pela criação do Estado do Tapajós, porque essa não era sua reivindicação e também porque não eram convidados.
Esse movimento foi iniciado e liderado nos últimos anos por políticos.
E nós temos aprendido que o que é bom para essa gente dificilmente é bom para nós”. Eliza Carmo

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