Saúde
Males da carreira adoecem 18 mil professores em Minas
Depressão e problemas na voz e na coluna são as principais doenças que acometem os educadores
Publicado no Jornal OTEMPO em 05/09/2011
CLÁUDIA GIÚZA Especial para O Tempo
FOTO: CRISTIANO TRAD
A agressão e as ameaças de morte feitas por um aluno de 15 anos à diretora de seu colégio trazem à tona a falta de segurança e a fragilidade do sistema de ensino brasileiro.
O caso aconteceu recentemente em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas retrata a realidade de grande parte dos profissionais da educação no país.
A tensão no ambiente de trabalho é um dos motivos que adoecem os professores e, muitas vezes, os forçam a deixar a sala de aula.
Em Minas, dos 183.296 professores estaduais, 8.859 foram transferidos para outras funções e 9.017 aguardam perícia médica - são 17.876 docentes afetados.
A situação se repete na capital, onde 786 dos 10.499 servidores deixaram as salas de aula.
Maria*, 54, deu aulas de biologia por 23 anos em João Monlevade, na região Central, mas parou de lecionar por problemas de saúde.
"Perdi a minha voz completamente e tive depressão.
Não aceitava a minha incapacidade de fazer o que sempre amei", conta.
Além dos problemas físicos, ela diz que a readaptação também trouxe danos psicológicos. "Me jogaram em uma biblioteca empoeirada e mofada.
Antes, tinha um problema de voz e, agora, me sinto emocionalmente incapaz de desenvolver qualquer tipo de trabalho na escola", explica.
Depressão.
A depressão não atingiu apenas Maria.
A doença é uma das principais reclamações dos professores e é causada por diversos fatores, como a falta de estrutura e desentendimentos com pais e alunos.
Foi assim com a professora de inglês Carolina*, de Diamantina, no Alto Jequitinhonha.
Além do cansaço da rotina de aulas em duas cidades diferentes, a frustração da falta de estrutura para trabalhar lhe rendeu uma depressão e a síndrome do pânico.
"A readaptação só piorou meus problemas de saúde.
Somos excluídos até mesmo pelos colegas de profissão".
No caso de Marta*, 32, professora de história, a indisciplina e a política educacional foram os problemas.
Há seis anos afastada, ela conta que tudo começou quando percebeu o baixo desenvolvimento dos alunos.
"Comecei a ficar angustiada e recebi o diagnóstico.
É triste perceber que seu aluno não sabe nem escrever direito devido à política que impede a reprovação.
Isso acabou gerando muita indisciplina e a situação está incontrolável", conta.
Retaliação.
Um professor da região metropolitana da capital, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que além da tristeza de deixar a sala de aula, os profissionais sofrem também pressão de seus superiores e até cortes salariais.
No seu caso, a perseguição veio por parte da diretora da escola.
"Eles não me falam nada e me colocam para fazer todo tipo de serviço.
Já cheguei a repor papel higiênico nos banheiros. É muita humilhação".
Ele ainda perdeu 20% do salário no chamado "pó de giz" e 5% de biênio, incentivos pagos apenas a professores que estão em sala de aula.
A mestre pela Universidade Braz Cubas, em São Paulo, Maria de Lourdes de Moraes Pezzuole desenvolveu uma tese sobre o assunto e confirmou que a depressão é muito comum entre os readaptados.
Junto com ela estão problemas na voz e na coluna.
A especialista afirma que, em boa parte dos casos, o problema poderia ser minimizado, o que não acontece porque é comum não haver qualquer acompanhamento médico e psicológico do profissional.
Maria de Lourdes é professora de educação física e também foi afastada.
Após dois anos de tratamento, ela voltou para a escola, mas em outra função.
No início do ano, após uma decisão judicial, ela conseguiu retornar à sala de aula.
"Só estou dando aula porque o Estado teria que me pagar R$ 500 por dia fora de sala", conta.
Cansaço físico e mental atinge 93% dos profissionais da rede particular
Os professores da rede particular de Minas também são afetados por problemas relacionados à profissão.
Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), em parceria com o Ministério do Trabalho, mostrou que, em 2009, 92,84% dos educadores reclamavam de cansaço físico e mental.
Também conforme o estudo, 82,58% da categoria afirmou que a exigência do cumprimento de prazos é o principal motivo para tornar o ambiente institucional ameaçador.
Já a principal causa de desgaste, segundo 40, 25% dos entrevistados, é a relação aluno/professor.
O sociólogo e pesquisador em educação Rudá Ricci não se assusta com o resultado e diz que a educação no Brasil está doente.
Ele afirma que faltam políticas de incentivo à docência e que os governantes se omitem diante dos problemas.
Ele aponta ainda outro problema: a pressão dos pais.
"Os pais estão cada vez mais ausentes na criação de seus filhos.
Eles pressionam psicologicamente os professores impondo que os profissionais supram a atenção e os limites que eles não conseguem colocar em casa", afirma Rudá Ricci. (CG)
* Os nomes dos entrevistados foram alterados para preservar suas identidades
Minientrevista
"É preciso que se invista em prevenção"
Waldeia Moreira Médica do trabalho
A rotina de trabalho adoece os professores?
Sim, adoece.
Além da carga horária, esses profissionais recebem pressão por parte de os alunos, pais e de suas chefias.
O estresse diário acaba se transformando em problemas sérios, físicos e emocionais.
Quais são as doenças mais diagnosticadas nesses profissionais?
Muitos professores acabam desenvolvendo estresse pós-traumático, causado pelas dificuldades do dia a dia e a falta de estrutura nas salas de aula.
Eles chegam ao ponto de não conseguir entrar nas escolas.
São tomados pela ansiedade e a depressão.
Como evitar que os problemas de saúde se agravem ao ponto de o professor ter que abandonar a sala de aula?
É preciso que se invista em prevenção e que os profissionais que apresentem os primeiros sintomas de estresse tenham acompanhamento médico.
Mas, infelizmente, essa não é a realidade. (CG)
Comentários
05/09/2011 - 14h48 Marcão Belo Horizonte
Isso prá nos é como chover no molhado. Infelizmente já faz parte do nosso dia-a-dia, temos que conviver com esta mazela diariamente. O DAG fica abarrotado de professores. Toda escola tem profissionais em ajustamento. E o que que a SEE pensa e faz a este respeito? NADA, absolutamente NADA. Eles são bons em discurso, mas péssimos na prática. A rotina de um profissional da educação é extremamente estressante, tanto que tem horário diferenciado e aposentadoria diferenciada. Quem que aquentaria estar numa sala de aula, nessas condições por mais de 35 anos? Nem um filho de Deus é a resposta.
05/09/2011 - 14h32 Sabrina Gardoni Caratinga
Eu sou professora da rede pública há 5 anos e meio. Quando entrei para o curso de Licenciatura Plena em Química havia aproximadamente 45 alunos na minha turma. Em 2005 formaram pouco mais da metade. Atualmente tenho notícia de que apenas 14 alunos haviam concluído o mesmo curso. Ao encontrar com uma ex-professora do curso, com excelente formação por sinal, esta me disse que foi despedida por falta de aluno no curso de graduação. Diante dessa reportagem e toda essa situação (greve) acontecendo no estado, fica aqui uma pergunta: será que a nossa profissão vai entrar em extinção juntamente com o nosso Plano de Carreira? Pois é a isto que estamos assistindo não só aqui, mas em todo o estado de Minas Gerais.
05/09/2011 - 14h32 Rosimeire Contagem
Além de enfrentarmos todos esses problemas, muitas vezes a direção da escola se recusa a nos ajudar afirmando que a indisciplina na sala de aula é problema somente do professor(a). Isso sem falar no descaso do governador em não cumprir uma Lei Federal que determina o piso salarial nacional.
05/09/2011 - 14h20 João Ribeirão das Neves
Uma reportagem que retrata uma pequena parte de todos os martirios que os professores passam dentro de uma escola. Parabéns para todos vcs que relataram essa verdade. Mas tem um ponto que quero deixar pra vcs que compõem esse jornal. Penso que qualquer pessoa que leva pelos meios de comunicação fatos que atendem apenas aos interesses de alguns (governo de MG)como tenho visto nesses 90 dias de greve ,que levam a população nada mais que uma manipulação de fatos em nome se seus salarios, são verdadeiros covardes, hipoctras mentirosos prejudicando uma luta pela lei e ordem. Mais uma vez parabéns vcs do Jornal o tempo, por mostrar um pouco da verdade.
05/09/2011 - 14h05 Mara Belo Horizonte
Governador insano está esperando o quê para acabar com essa greve dos professores? Acabar com os professores primeiro? E depois, quando os pais e alunos acordarem e reivindicarem seus direitos, vai liquidá-los também? Está bem acobertado pela nossa "vergonhosa" justiça, que está há muito tempo acostumada a só ficar do lado dos poderosos! Só sabe aplicar a lei aos mais fracos, não se lembra mais e
05/09/2011 - 13h58 jose Anísio timóteo-mg
GREVE TAMBÉM ENSINA. Alguns adágios populares são obscuros. E alguns adágios são cruéis na sua precisão sintética.(...)"Em casa de pobre todos gritam e ninguém tem razão" - devia ser alterado para ficar ainda mais exato e terrível. Em casa de pobre todos gritam e todos têm razão (...) O pior é que, com razão ou sem razão, a gritaria entre os pobres não faz a menor diferença na sua situação. Só assusta a vizinhança. Outro: "O que é do homem o bicho não come". (e se comer?) Mais outro: "Pra baixo todo santo ajuda". (e se for pra cima?). São comentários mais devastadoramente irônicos jamais feitos sobre as circunstâncias humanas, sem que a fé religiosa e a intervenção da metafísica em nossas vidas, em muitas vezes só servem para a reflexão, sem falar no abjeto oportunismo dos santos que só nos acodem nas boas. A vida está cheia de gente assim, de solidários no declive.
05/09/2011 - 13h55 Guilherme Pedrosa Sete Lagoas
Parabens ao jornal O TEMPO. Reportagem muito interessante.
05/09/2011 - 13h16 Maria do Carmo Varginha
Graças a Deus, não preciso dobrar turno. Tenho colegas que vem denunciando os médicos que fazem perícia por aqui. Este, nitidamente foram orientados a NEGAR licenças de saúde para não dar prejuízo ao estado. Se você chegar com diagnóstico de depressão eles simplesmente indeferem o pedido. É horrível. Além de doentes ainda somos humilhados.
05/09/2011 - 12h59 José Alfredo Junqueira Leopoldina
Agora, com este vírus satãnasia, com as bactérias satanasistes, aecistites, desmbartistes, promotistes, os 183000 professores estão definitivamente contaminados. É uma luta pela vida, contra estas doenças infecto contagiosas modernas, estes micro organismos mutantes. É preciso criar vacinas e antibióticos para combater estas pragas!
05/09/2011 - 12h42 Clarice da Consolação Ferreira Barbacena
Adoecemos porque não podemos ter lazer, muito menos intervalos para descanso. Dois três turnos de serviço nâo há ser humano que suporte. Ainda temos que suportar o salário miserável. Quando sai uma lei que corrige um pouquinho esta miseribilidade ( Lei 11.738/2008), a justiça não se pronuncia. O GOVERNADOR sem lei fica como se nada tivesse acontecendo. Ó MINISTÉRIO PÚBLICO vai para cima dele!!! Ou vão compactuar com este descalabro? Será que não existe uma lei maior para acionar para cima deles? PRESIDENTA vai agir ou vai compactuar? Nós professores de Minas Gerais precisamos de respostas urgentes. Ou vocês só pronunciam quando é a favor do ANASTASIA?
05/09/2011 - 12h41 Rosilene
O sistema e o lindo governador estão matando os professores!!! Deus me livre! Que triste sorte é a de ser professor!
05/09/2011 - 12h21 Carla BH
Porque esta gente que precisa da escola publica não vai para as ruas apoiar os professores? Gente acomodada. Sem e iniciativa. não sou professora, nem tenho filho em escola publica. Fico P da vida com esta inercia. Professor categoria mais importante da sociedade. E tenho dito.
05/09/2011 - 12h16 paulo angelo do vale belo horizonte
Ser professor é padecer, desfiar fibra por fibra. Por isto apoio, com entusiasmo que ele tenha um salário justo. Eu jamais seria um professor. Não tenho, graças a Deus, esta infeliz vocação. E precisamos tanto deles! O que escrevo agora aprendi a escrever com eles. Jamais esquecerei os meus professores. Prossigam na luta, Jesus está com vocês, sem dúvida! Ele está com os injustiçados.
05/09/2011 - 11h54 Silvio Cesar Divino
Caros/as leitores/as: Apesar das informações aqui prestadas por inúmeras pessoas, reitero que os Professores do Estado de Minas Gerais, não estão pleiteando qualquer reivindicação. O fato é que se deva cumprir uma Lei Federal que não pode mais ser modificada por força de sua decisão; a Lei do Piso Nacional dos Professores. O Governo do Estado de Minas está na ilegalidade com a complacência dos poderes (des)constituídos e a conivência da esfera Federal. O Ministro Joaquim Barbosa STF, (relator da lei do Piso) declarou após de aprovada a referida lei que: "Não me comove, não me sensibiliza nem um pouco argumentos de ordens orçamentárias. O que me sensibiliza é a questão da desigualdade intrínseca que está envolvida. Duvido que não haja um grande número de categorias de servidores, que não esta, que tenha rendimentos de pelo menos 10, 12, até 15 vezes mais que esse piso". Ora, estamos vendo um descarado desrespeito de uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Você leitor, ajude a conscientizar as demais pessoas quanto dessa batalha desigual travada pelos educadores contra os governantes que querem passar por cima de tudo e de todos! Lembrando o poema "A caminho com MAIAKOVSKI ( de Eduardo Alves da Costa): "Primeiro, eles vêm à noite, com passo furtivo arrancam uma flor e não dizemos nada. No dia seguinte, já não tomam precauções: entram no nosso jardim, pisam nossas flores, matam nosso cão e não dizemos nada. Até que um dia o mais débil dentre eles entra sozinho em nossa casa, rouba nossa luz, arranca a voz de nossa garganta e já não podemos dizer nada." Nossos filhos agradecerão!! Silvio César.
HUDSON VASCONCELOS SIMONÉSIA
NOTA 10. SEU COMENTÁRIO MERECE SER PUBLICADO EM TODOS OS PRINCIPAIS JORNAIS DESTE PAÍS E NA PRIMEIRA PÁGINA. PARABÉNS!!!!!
05/09/2011 - 10h58 virginia janaúba
Otima reportagem, mostra a realidade dos professores em Minas e no Brasil, para todos que a desconhece.
05/09/2011 - 10h52 Elenice Belo Horizonte
A realidade é nua e crua. Além de termos um governo que não cumpre as leis e consegue colocar colegas de trabalho em situação precária de trabalho, pois a situação nas escolas é caótica. Minas sempre fala da qualidade da educação, mas os educadores não tem qualidade de vida. Muitas das vezes não temos dinheiro para comprar o remédio. Trabalhamos em duas ou três escolas para termos uma vida simples e pagarmos nossas contas. Vendemos produtos de revistas de beleza para ajudar no orçamento, fazemos artesanato (uma terapia para a alma) também para ajudar no orçamento. Até quando MG vai deixar de valorizar o professor e oferecer a ele o mínimo que desejamos? (PISO) Até quando MG vai permitir humilhações aos bravos que lecionam? Até quando MG vai fingir e mentir sobre a realidade? Até quando MG vai tratar os professores apenas como NÚMEROS? Somos seres humanos e não máquinas...
05/09/2011 - 10h50 Janaíne do Socorro Costa Diamantina MG
Sou colaboradora dessa reportagem, meu nome esta ficitício como "Carolina" mas não tenho nenhum constrangimento em apresentar-me. Sou diamantinense com endereço fixo, desloco me para trabalhar na cidade do Serro e Santo Antônio do Itambé durante a semana, sou ajustada e atualmente de "greve" trabalhando atualmente na secretaria,há 4 anos luto por uma remoção, digo luto por que o descaso dessa SRE é visivel....estou ajustada ha 1 ano, não aguentei a pressão de deixar, filho, familia pra traz e cumprir uma rotina estressante e ainda por cima ouvir de colegas e superiores fofoquinhas....só quem , como eu é "forrasteiro" que vive de cidade a cidade, escola a escola se aventurando entre caronas, ônibus, estradas de péssimo estado, sem hora pra almoço, é que sabe o que estou falando... É claro que nessas horas encontramos alguns verdadeiros amigos, que nos ajudam e sensibilizam. Sou a única em minhas escolas a estar de greve, e nao tenho medo, pois acredito que esta é a hora e lutarei até o fim...este descaso tem que acabar...a luta continua companheiros....
05/09/2011 - 10h47 Flávio Bhte
Parabenizo o Jornal O Tempo pela maneira imparcial e responsabilidade em relação aos fatos. Sugiro uma MATÉRIA ESPECIAL sobre o número considerável de servidores da educação "hospedados" na Casa Verde - ala do Hospital da Previdência que abriga pacientes com distúrbios diversos, entre eles professores, médicos e policiais -, definhados, em sua maioria, reféns de remédios tarja preta e largados à própria sorte. Anastazista, A JUSTIÇA É CEGA MAS A INJUSTIÇA PODEMOS VER! Todos de preto no dia 7 de setembro - "Grito dos excluídos" - às 09:00 na pça da estação, BH. O quiprocó vem aí. Aguardem! Todos firmes e de pé! "Prefiro morrer de pé que viver ajoelhado" - Emiliano Zapata.
05/09/2011 - 10h45 Everaldo Dornelas de Queiroz Matipó
Sou professor de Matemática da rede estadual de ensino de MG, pós-graduado em Matemática e Estatística pela UFLA e o governo anuncia que o meu salário, mesmo sendo pós-graduado, será de R$712,00. Que humilhação. Prefiro trabalhar nas lavouras de café aqui da região, pois na colheita eles chegam a ganhar entre R$1500,00 e R$2000,00 por mês e fora da colheita o salário gira em torno de R$800,00 por jornada única. Os nossos alunos, mesmo sem concluirem o ensino médio, já ganham mais do que os professores e ainda riem da gente e dizem: Estudar para quê? ganhar esta migalha? prefiro apanhar café. Como é possível estimular estes alunos a estudarem? De onde sairão os novos professores?
05/09/2011 - 10h31 Joselayde Ribeiro porto firme
E ainda querem considerar ilegal nossa greve. Quem poderá nos defender do MPE?
05/09/2011 - 10h27 Mariana Trindade de Souza Araxa
Professores doentes, descaso do governo, salario de fome....Isso sao alguns dos muitos motivos do fracasso da educaçao em nosso pais. Estatisticas falsas mostram uma realidade distorcida e mentirosa. Enquanto mostram que os avanços trazem uma aprendizagem satisfatoria, alunos desinteressados e apaticos, familias fragilizadas e professores mal preparados tornam nossa realidade um caos...
05/09/2011 - 10h24 joel itabirito
A escola hoje em dia é o para raio da sociedade. Nunca se cobrou tanto dos profissionais do magistério ao mesmo tempo que são marginalizados pelo poder público. As escolas estão super sucateadas, o professor tem com material didático o quadro e giz. Bibliotecas desatualizadas e sem conteúdos atrativos. Falta espaço adequado para pratica de Educação Física, laboratórios, instalações físicas adequadas, incentivo ao desenvolvimento de práticas docentes modernas e inovadoras. Dentre outras coisas, a profissão do magistério hoje é vista como profissão marginalizada, com péssimos salários e sem política educacional "efetiva". Professor no Brasil é visto como cuidador de pessoas e não como agente de transformação social. PAGUE O PISO IMEDIATAMENTE! OK
05/09/2011 - 10h04 Euler Conrado Vespasiano -MG
De fato, os professores estão adoecendo em sala de aula. Primeiro, por conta da longa e estressante jornada de trabalho. Há colegas que para sobreviverem dignamente precisam trabalhar em dois ou três cargos. Este problema está diretamente ligado à baixa remuneração dos educadores, que recebem salários vergonhosos, como é o caso de Minas Gerais, cujo governo vem aplicando choques de gestão pra cima dos educadores em forma de confiscos salariais permanentes. Há também outros problemas, como a realidade social das famílias de trabalhadores de baixa renda; na luta pela sobrevivência, os pais e/ou as mães não têm mais tempo para educarem os filhos, jogando tal tarefa para a escola, que por sua vez não oferece condições para o acompanhamento individualizado, especialmente dos casos mais problemáticos. Para completar o quadro, existem as pressões das direções - que por sua vez são pressionadas pela SEE - MG para que apresentem um resultado estatístico para inglês ver; a falta de equipamentos adequados (laboratórios, bibliotecas com espaço e livros; sala de vídeos, de esporte, etc.), entre outros. Um outro ponto que citaria é o grande número de alunos numa sala de aula, e a manutenção de turmas com alunos fora da faixa etária, cuja presença do profissional é uma verdadeira tortura diária a que ficam submetidos. Este último caso é resultado de um ensino básico inicial de má qualidade - não por culpa do professor ou do aluno - mas, de todo o sistema. Ao não propiciar o real aprendizado nos primeiros anos do ensino fundamental, o que se constata é que o aluno chega analfabeto nos anos finais do ensino fundamental e assim, quase sempre, continua, até concluir o ensino médio. O estado teria que investir mais na formação continuada dos profissionais, na redução da jornada de trabalho, no aumento dos salários - para que o professor pudesse sobreviver dignamente com um cargo -, além de propiciar o acompanhamento individualizado dos alunos, desde os primeiros anos de estudo, com equipes de professores, psicólogos, pedagogos, etc. Do contrário, o que assistiremos é este quadro de pessoas adoecendo ou se desligando da Educação. E para concluir, o ambiente anti-democrático da escola favorece o quadro de depressão e baixo estima de muitos profissionais. Até neste ponto, a greve dos educadores de Minas está cumprindo um importante papel libertador.
05/09/2011 - 10h01 Jayme Ubá-MG
E ainda há quem diga que a greve dos professores é política. Essa reportagem só traz a tona o que todo professor já sabe, mais tanto o governo quanto a sociedade ignora. Fiquem certos, essa bomba vai estourar e pagaremos um preço muito alto. Professor nenhum é salvador da pátria, mesmo porque, não recebe o suficiente para isso e nem tem estrutura e apoio o suficiente.
Maria Inez Itabira
Que a greve é um ato político, isso ninguém pode negar. Todas as nossas ações de contestação da ordem dos poderosos são atos políticos. E esse governadorzinho de araque ta pensando que estamos no tempo da ditadura.Ele pode ter certeza que estamos em cima de uma bomba relógio e não demora ela vai explodir. Aí toda essa sociedade hipócrita vai ver os fragmentos da educação em minas. Aliás em um país onde se prefere investir em presídio que em educação, onde o custo de um presidiário é maior que o custo de um aluno não dá pra reclamar da violencia reinante.
05/09/2011 - 13h06 LEQUINHO bh
Ganhar uma merreca, suportar crianças sem limites e adolescentes nojentos, lidar com pais que muitas vezes são piores que os filhos, e ainda adoecer!? Esse povo merece ir pro céu direto! Deus me livre!
05/09/2011 - 09h43 Joedson Campos BH
Antes que o PROCURADOR tome a iniciativa de colocar os professores para dentro da sala de aula à base do açoite, depois dessa matéria maravilhosa mostrando a realidade que ninguém quer ver, mas os profissionais da educação vivem, estava na hora de esse PROMOTOR, juntamente com as Secretárias irem dar aula, nessas salas desses alunos violentos, culos pais também não têm mais o domínio sobre eles. Seria muito bom que essas autoridades experimentassem pelo menos 1 mês, mas com o salário que nos impuseram R$712,00. Quem sabe passando por todo tipo de violência na mão desses meninos e com este salário de fome, eles não repensem a situação de degredação que estão impondo aos educadores. Parabéns, mais uma vez AO TEMPO, por colocar na CARA de todos, inclusive das AUTORIDADES e da JUSTIÇA o que se passa por trás dos muros da escola e na vida de quem está à frente dessa juventude, recebendo migalhas do governo e, ainda, sermos ameaçados por um PROMOTOR me nome da JUSTIÇA! ESPERAMOS QUE REFLITAM PARA QUE EM NOME DA JUSTIÇA NÃO PRATIQUEM MAIS INJUSTIÇAS DO QUE AS QUE VÊM PRATICANDO. OS PROFESSORES JÁ ESTÃO AGONIZANDO, NÃO NOS MATEM!
05/09/2011 - 09h01
Luciano
Betim
Infelizmente mais uma triste realidade da nossa profissão, além dos baixos salários. Ótima reportagem!
05/09/2011 - 08h46 Rosely Mata Viçosa
Muitas pessoas acham que ser um professor é tarefa fácil. Não é. Somos profissionais que temos que lidar com pessoas com diferentes histórias de vida e, na maioria das vezes, a história triste de nossos alunos se reflete no comportamento e indiciplina dos mesmos. Aliado a isso, temos péssimas condições de trabalho, carência de materiais didáticos, dentre outros problemas. Para mim, que vivencio essa rotina diariamente, não é nenhuma novidade o que trazem estes estudos. Isso só vem comprovar o descaso existente com os profissionais da educação e com o próprio sistema educacional. Nesse momento, quando a greve de professores em minas completa três meses e que recebemos uma proposta do Sr. Governador de um piso de 712,00 para um professor com licenciatura plena (o que deveria ser 1060,0 ainda assim um salário miserável), temos a absoluta certeza que educação NÃO FOI, NÃO É e NUNCA SERÁ prioridade na visão dos governantes de nosso país. Essa proposta nos desestimula ainda mais e apenas reflete o total descaso com a educação mineira e com as crianças deste estado.
Maria Inez Itabira
Uma ressalva na observação da Rosely. Educação pública nunca foi não é nem será prioridade, para os governos. Pra que vão se preocupar se os filhos deles estudam nas escolas particulares ou no exterior?
05/09/2011 - 08h45 Antônio Jerônimo Neto Barra Longa
Pois é, colegas! Diante das matérias MALES DA CARREIRA ADOECEM 18 MIL PROFESSORES EM MINAS e É PRECISO QUE SE INVISTA EM PREVENÇÃO, publicadas em 05/09/2011 neste jornal, fica aí a pergunta, principalmente relacionada à segunda matéria: Como os professores podem esperar investimento em prevenção se o rolo compressor do governador passa até por cima de lei federal? Achamos que também não devemos esperar grandes coisas do MPE, uma vez que o promotor que deveria intermediar o conflito já pensa em dar a greve como ilegal, mandar contratar mais CORAJOSOS para nossos lugares e ainda cobrar multa do sindicato. Espera aí! A multa não deveria ser para o fora da lei? Continuemos firmes até a vitória! Não desistiremos da luta, jamais. Prof Antônio Jerônimo Neto Belo Horiozonte.
ANÔNIMO caratinga
QUERO PARABENIZÁ-LOS PELA REPORTAGEM E ACRESCENTAR QUE ALÉM DE ESTARMOS DOENTES E EM AJUSTAMENTO SOFREMOS MUITO QUANDO VAMOS FAZER PERÍCIA, POIS INFELIZMENTE ALGUNS PROFISSIONAIS NÃO TEM CORAGEM DE LEREM NOSSOS LAUDOS E NEM OLHAM PARA NÓS E IMEDIATAMENTE DIZEM QUE NÃO TEMOS PROBLEMAS NENHUM. ISSO SIM É O FIM DA PICADA.
Adriana Aparecida Pereira Alves Sete Lagoas
Parabenizo o jornal O TEMPO por ser imparcial no seu noticiário. O jornalismo investigativo (tão ausente na mídia mineira) ainda prevalece nas páginas deste jornal. .A Reportagem mostra o outro lado da carreira do professor ao enfocar a sua saúde. Tudo o que foi citado, pode ser explicado pela Síndrome de Burnout. É a síndrome de esgotamento profissional propriamente dito que corresponde ao colapso físico e mental. Essa síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros, professores). O que também é comum nestes profissionais, é que são servidores mal remunerados, sem carreira ou motivação para o desempenho de suas funções. De maneira geral toda a sociedade acaba sendo vítima desta desvalorização. Não só os profissionais vitimizados com a doença, mas todos que precisam de educação de qualidade.
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