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06 janeiro, 2011

Ruim de Jogo II - Catarse Funcional

Ruim de Jogo II


Deixei a sala de aula e comecei a montagem do pedido de autorização de funcionamento do Ginásio Fernão Dias. Não dá para dizer quantas vezes foram necessárias idas e vindas á SEE/MG, na Praça da Liberdade, mais ao Sindicato dos Professores e dos Estabelecimentos de Ensino, ao contador desesperado da “firma”, e uma gráfica na Rua Tamoios, única a fornecer os impressos para a vida escolar de aluno e professores, que mudavam quando a legislação mudava.
A adaptação da realidade aos pedidos da Secretaria era sempre desgastante e demandava muito tempo. De certa forma eu conseguia acordos, prorrogações, brechas nas leis, de tanta insistência.
Montar o Regimento Interno era o mais complicado: a Secretaria começava a exigir que fosse discutido item por item junto com a Comunidade Escolar, mas tinha que ser seguindo rigidamente o modelo dado por eles, onde a legislação deveria ser obedecida fielmente, sem chocar, prevalecendo quase totalmente o que já vinha escrito, em camadas tal obediência. Primeiro a federal, na seqüência a estadual e municipal, os desejos dos donos, e dos professores, direitos e deveres, organograma do funcionamento, definição da clientela, objetivos, metodologias, e o que mais viesse. Definiam-se os acordos pedagógicos com os professores, as questões trabalhistas, a definição da pessoa jurídica. Enfim, de tudo que se possa imaginar, nos quem, que, como, quando e onde.
Para começar, os que trabalham com professores sabem da dificuldade que é coordená-los a uma escolha, reconhecimento, respeito a seus líderes. Todos eles o são por excelência e definir como representante um só, leva tempo em discussões filosóficas, culturais, lingüísticas.
Esta proposta não fechava nunca. A realidade era muito diferente.Tirar os nove foras da situação é fogo.
Eu tenho minhas dúvidas em saber quantas pessoas de fato já leram na íntegra um Regimento Escolar. Até a sua análise na Secretaria era feito por setores e às vezes, por mesas individuais de técnicos.
Da forma que era feito, hoje não convivo mais com isso, essa colcha de retalho prevalecia. Mesmo após alguma aprovação dessas partes, quando você menos esperava, vinha um deles ou a presença de um inspetor, dizendo da necessidade de reformulação, porque nada daquilo escrito, estava correto, inclusive o uso das vírgulas.
De qualquer forma, como o Diretor resolveu passar a escola para um grupo de professores que se cotizaram para comprá-la, frente às outras duas experiências que viriam (Ginásio José de Anchieta Machado e Colégio da Unsp), esta composição ficou menos difícil de se achar denominadores comuns.
O Fundo de Garantia e os impostos estavam mais ou menos em dia, mesmo que recolhidos sem seqüência, mas guardados onde? Com quem?
Isto durou até o final do ano para ficar “pronto”.
Passei para o grupo consorciado de professores e não tive mais contato. O meu salário era baseado no numero de aulas que tinha no inicio.
Todos os funcionários assinavam o recibo de pagamento como se tivesse sendo obedecida a tabela do sindicato, mas com 30% a menos, “doados” a instituição. A minha jornada de trabalho era de dedicação exclusiva. Depois de tudo isso, nunca recebi uma só visita de algum colega, nem pra dar noticias, a não ser quando estavam precisando de aulas.
Aprendi com o tempo que isto faz parte.
Consegui outro cargo de substituição de professor de ciências no Ginásio Jose de Anchieta Machado, isto em fevereiro. Em março, comecei na função de Supervisora do Colégio da UNSP.

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